Folha de PE: Zé Maria diz que Governo se aproveita da miséria

04/08/2010 09:55

Zé Maria diz que Governo se aproveita da miséria
Presidenciável do PSTU vê Bolsa Família usado eleitoralmente
BEATRIZ GÁLVEZ   
   

 

 
  SINDICALISTA condena a forma como os tempos dos candidatos são divididos

 

 
Candidato à Presidência da República por um partido-símbolo da extrema esquerda do País, o sindicalista José Maria de Almeida (PSTU) se coloca como um crítico do programa carro-chefe do Governo Lula, o Bolsa Família, classificando-o como um “assistencialismo emergencial”, que vem sendo mantido, segundo ele, como uma forma dos políticos se aproveitarem politicamente da miséria da população. “O que se faz com essa política assistencialista é manter as pessoas na miséria com uma ajuda (financeira), para que, quando chegue no momento das eleições, essas pessoas fiquem morrendo de medo de mudar o governo e perder o benefício. Isso é se aproveitar da fome das pessoas”, rechaçou o presidenciável, na sua passagem pelo Recife, ontem, em campanha.

 

Zé Maria, como é mais conhecido, criticou também a senadora Marina Silva (PV-AC), que, em visita à comunidade do Coque, no último sábado, afirmou que só critica o programa quem nunca viveu a situação daquelas pessoas. “A Marina parece que se esqueceu do passado dela. Ela não vive mais nessa situação e devia querer que todas essas pessoas tivessem as mesmas oportunidades que teve. Ela passou por muita dificuldade, mas conseguiu emprego e estruturou sua vida. Todas essas pessoas têm direito à mesma coisa que ela teve, não menos”, contestou o candidato. “O Bolsa Família é a expressão do que não deveria ser uma política estrutural de Governo. Até a Marina, agora, entrou na disputa para ver quem vai expandir mais o Bolsa Família, quando devíamos discutir como acabar com o ele. Quem é que pode viver dignamente com R$ 130 por mês?”, questionou, em entrevistas concedidas à Folha de Pernambuco e à Rádio Folha FM 96,7.
 

 

Mas a eleição, para ele, é jogo pré-definido. Para José Maria, o próprio modelo presente na Constituição prejudica a democracia. Na sua opinião, o correto seria dividir, igualmente e independente de alianças e representação parlamentar, o tempo do programa eleitoral gratuito, no rádio e na televisão, entre os candidatos, para que pudessem mostrar seu projeto de Governo. “Nós queríamos saber qual é, exatamente, o projeto, as mudanças, que pretende fazer a Dilma Rousseff (presidenciável petista) e o José Serra (presidenciável tucano) no País, à medida que esses dois partidos governam o Brasil há vinte anos”, ressaltou.
 

 

Com apenas cerca de 20 programas de 50 segundos, o candidato pretende explorar o “Brasil real” e seus problemas para aproveitar ao máximo o espaço na televisão e rádio. “Mas não há nenhuma possibilidade de reparar essa desigualdade com criatividade, não há criatividade que faça milagre”, lamentou.
 

 

Na vinda a Pernambuco, Zé Maria visitou o município de Palmares para ver de perto os estragos provocados pelas enchentes. Segundo ele, a tragédia só ocorreu porque o poder público não tomou providências necessárias, antecipadamente.

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