Nós do PSTU estamos, com nossas candidaturas, enfrentando sem medo o desafio de desmascarar o governo de frente popular em Pernambuco. Afirmamos que o governo Eduardo é um governo burguês, à serviço da burguesia, dos patrões, latifundiários, banqueiros e multinacionais.
Um governo baseado em uma aliança do PSB, PT e PC do B, que contam com o apóio majoritário da CUT, MST, Fetape e principais sindicatos, e inclui o PTB de Armando Monteiro, presidente da CNI, o PR de Inocêncio Oliveira, melhor representante da oligarquia latifundiária no estado e até o PP de Severino Cavalcante. A tarefa central desse governo no estado é a de evitar a mobilização dos trabalhadores, desmoralizando o movimento de massas e dar continuidade aos projetos burgueses iniciados nos governos de direita, como o de Jarbas. A frente popular trabalhou intensamente nesses últimos quatro anos no sentido de derrotar toda e qualquer mobilização independente dos trabalhadores, não apenas com o uso tradicional da repressão, mas, principalmente com a corrupção das lideranças sindicais, populares e estudantis; com utilização da máquina governamental nas disputas dentro do movimento, eleições sindicais, de associações de moradores, entidades estudantis Seu objetivo é o de preparar o estado para se transformar num nicho de investimento de capital internacional que garanta alta lucratividade para multinacionais com a produção toda voltada para a exportação, enquanto a classe trabalhadora se submete a jornadas absurdas e salários baixíssimos. Como pretende garantir a transferência altos volumes de recursos públicos para os investimentos na iniciativa privada, através de todo tipo de subsídios, renúncia fiscal, empréstimos, o governo Eduardo precisa trabalhar com um conceito neoliberal, de “estado mínimo” e “gestão privada”. Portanto, o centro de sua política é a da descentralização, desresponsabilização do estado e gestão privada dos serviços públicos. Assim tem sido na saúde e na educação estaduais com a instituição do modelo de fundações privadas, que se materializam nas OS’s e UPA’s e nas chamadas “Escolas de Referência” que são unidades de saúde e educação construídas com recursos públicos, mas que são geridas por entidades privadas. Enquanto o governo faz propaganda, os trabalhadores percebem, sentem no seu dia a dia que seus filhos estão abandonados à própria sorte, sem nenhum compromisso do estado com a saúde e a educação públicas, pois as escolas e hospitais onde se encontram, de fato, os trabalhadores e seus filhos, estão completamente sucateados. E assim também tem sido no que se refere à segurança pública, pois diante da barbárie sem controle que atinge jovens negros e mulheres no estado, reflexo direto do empobrecimento da classe trabalhadora e da falência dos serviços públicos, o governo instaura um critério de militarização e produtividade para enfrentar o problema da segurança (pacto pela vida), onde o importante é a “polícia na rua” agredindo e assassinando a juventude pobre e negra. A taxa de desemprego na RMR chegou a ser a mais alta dentre as principais regiões metropolitanas do país com um índice de 20,7% da População Economicamente Ativa (PEA) em abril de 2009, segundo dados do Dieese/condepe/fidem. Na ocasião havia 364 mil trabalhadores desocupados no Recife. A mesma pesquisa apontava que o rendimento médio dos ocupados na RMR tinha caído em todas as categorias profissionais pesquisadas, sendo de -12% só na indústria. (DP 28/05/2009) Essa situação deixa evidente que o imenso nível de investimento público em Suape, através de isenções fiscais, empréstimos e subsídios especialmente para empresas multinacionais, não serviu para alterar em nada a situação da classe trabalhadora no estado. Alternando mês a mês com Salvador, a RMR tem a maior taxa de desemprego do país com um número médio fixo de 350 mil trabalhadores desempregados. E essa situação se reflete nos níveis baixíssimos de saúde, escolaridade, na precariedade das moradias e no aumento absurdo da barbárie que atinge principalmente os jovens negros e mulheres trabalhadoras. Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os trabalhadores de Pernambuco estão submetidos a maior carga horária semanal de toda região Nordeste. (FPE 30/07/2009) Generalizou-se o recurso das horas-extras e do banco de horas (com a anuência dos sindicatos). Esse aumento em extensão e intensidade na carga horária do trabalhador Pernambucano trouxe graves conseqüências para a saúde do operário. O aumento absurdo de acidentes de trabalho. Existe uma subnotificação dos Acidentes de Trabalho por pressão da patronal nas indústrias, especialmente nos setores montados em Suape e que precisam manter a aparência de modernidade e eficiência a fim de conseguirem os incentivos e isenções do governo. E é flagrante a submissão dos sindicatos e centrais sindicais, especialmente da CUT, diante dessa mazela. A RMR tem proporcionalmente e diretamente ligada à taxa de desemprego, uma dos maiores níveis de precariedade e informalidade no mercado de trabalho do país, não só no comércio e no setor de serviços, onde os dados são gritantes (na RMR, cerca de 30 mil comerciários, de um conjunto de 160 mil, trabalham na informalidade, são submetidos a jornadas maiores que 49 horas e recebem em média R$ 434, segundo estudo do Dieese/DP 28/08/2009), mas também na indústria, e não só nas pequenas e médias. Segundo estudo da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), 77,1% dos trabalhadores do pólo de confecções do Agreste do estado trabalham sem registro na carteira, além da baixa escolaridade e qualificação dos operários, rendimentos abaixo do salário mínimo, utilização em grande medida do trabalho terceirizado, familiar e infantil. (DP 21/11/2009) A alta informalidade no mercado de trabalho na RMR fez com que Pernambuco ficasse em último lugar entre as principais regiões metropolitanas do país no quesito de diminuição dos índices de pobreza, segundo dados do Ipea. O Dieese demonstrou que 40,1% dos trabalhadores considerados ocupados na RMR (600 mil trabalhadores) estão no mercado informal, incluindo os segmentos que não possuem salário formal, mas contribuem para a Previdência. Uma visão mais precisa sobre o grau de informalidade e pobreza da classe trabalhadora no estado pode ser obtida quando se observa a população que depende das políticas públicas compensatórias. Em Pernambuco, um milhão de famílias dependem da Bolsa Família, 300 mil só na RMR, segundo dados da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social. (DP 08/08/2009) Submetidas às maiores jornadas e aos trabalhos mais precarizados, bem como sofrendo as piores conseqüências dos altíssimos índices de desemprego, as mulheres trabalhadoras do estado têm sido obrigadas a conviver com todo tipo de brutalidade e barbárie. Em 2009 mais de 300 mulheres foram assassinadas no estado, mantendo-se a média de um assassinato por dia. (FPE 26/11/2009) Nos dois primeiros meses de 2010, 31 mulheres foram assassinadas. 40,34% das mulheres assassinadas no estado tinham entre 18 e 30 anos. (DP 04/03/2010) Diante dessa absurda situação, comprovou-se a falência das políticas públicas do governo estadual. As chamadas delegacias especializadas e as casas-abrigo, bem como a nova legislação dita de proteção à mulher, em nada influíram para reverter esses índices de selvageria em Pernambuco. É, portanto, vital par a classe trabalhadora do estado derrotar o governo de frente popular em Pernambuco na eleição e nas lutas. Não por um critério subjetivo e moral de ser “conservador”, mas por um critério de classe: é o governo dos patrões. Desde muito antes das eleições, temos feito um insistente chamado aos partidos de oposição de esquerda no estado, especialmente ao P-sol, ao PCB e também ao PCR, para que formássemos uma frente de esquerda. Uma frente que se expressasse nas eleições e nas lutas dos trabalhadores em Pernambuco. Uma frente que estivesse vinculada ao processo de reorganização do movimento sindical, estudantil e popular no estado, diante do fato de que a CUT e a CTB abandonaram os trabalhadores de Pernambuco e se transformaram em agentes da patronal e dos governos Lula e Eduardo. Processo que, na nossa visão, está sendo mais bem capitalizado pela CSP-conlutas, que vem se firmando a cada dia como pólo de atração para todos os que lutam de forma independente do governo e dos patrões. Mas também uma frente que tivesse uma clara postura classista, um compromisso com a classe trabalhadora, suas lutas e reivindicações, sem qualquer relação com setores patronais. Definimos nosso lado por um critério de classe e não por denominações ocas como “progressista e conservador”. E aí começam nossas divergências. Ignorando nosso chamado por uma frente de esquerda, o P-sol fez todo um esforço nacional por uma aliança com o PV, mesmo sabendo do descompromisso desse partido e da sua principal figura pública, Marina Silva, com a luta dos trabalhadores e da falsidade de seu discurso ambientalista (foi marina que introduziu o transgênico no país, aceitou a transposição, etc.). Para nós, a luta ambientalista está necessariamente ligada à luta dos trabalhadores por suas reivindicações e pelo socialismo. Não se pode falar em ambientalismo e ecologia enquanto multinacionais, grandes latifúndios e banqueiros ditam as ordens sobre a economia e a política no Brasil e em Pernambuco. Não se pode falar em ecologia e ambientalismo sem denunciar os governos de frente popular e a oposição de direita. Em seguida, já como candidato do Psol, Edilson Silva, faz rasgados elogios ao Sr. Armando Monteiro Filho, o usineiro pai do candidato ao senado pela chapa de Eduardo Campos, Armando Monteiro Neto, também Usineiro e chefe da CNI. O que, na nossa compreensão, foi um desrespeito às gerações de trabalhadores rurais que consumiram suas vidas no trabalho brutal dos canaviais para que esses coronéis vivam no luxo. Jogando água no moinho da frente popular na defesa da incrível idéia de que existe “usineiro bonzinho”, “justo”, “corajoso” e “democrático”. E, logo em seguida, voltou a insistir na aliança com o PV chamando publicamente no debate da TV clube esse partido para compor um futuro governo do p-sol no estado. O PCR, partido ao qual também direcionamos nosso chamado por uma frente de esquerda, hoje faz abertamente campanha para Dilma e Eduardo entre a juventude, sem questionar as ações de privatização do ensino público com as quais esses candidatos estão comprometidos. Essas ações acabam causando um tremendo retrocesso na consciência da classe trabalhadora, pelo retorno à idéia de que “patrões e trabalhadores podem encontrar interesses comuns” e até “governar juntos”, que é a base do conceito da frente popular. Uma das tarefas centrais das candidaturas do PSTU é a de resgatar esse classismo, elevar a consciência dos trabalhadores, dialogar com a classe e mostrar que existem saídas para essa situação de fome e exploração, que devem ser saídas da própria classe trabalhadora, pela organização e luta independente. Mostrar que Lula e Eduardo, assim como Serra e Jarbas, governam para os patrões e não “para todos”, como tentam passar. Portanto, mais uma vez, chamamos os partidos de oposição de esquerda no estado e as entidades da classe trabalhadora a criarmos uma frente de esquerda para além das eleições, uma frente vinculada à luta dos trabalhadores, classista e socialista. Concretamente hoje significa apoiar a luta dos médicos residentes, dos trabalhadores do Ministério do Trabalho, dos metroviários, dos professores em Camaragibe e em Jaboatão, as campanhas salariais nacionais dos metalúrgicos, petroleiros e trabalhadores dos correios.